Além disso, cresci uns centímetros
Os grãos de areia deram algumas voltas dentro da gaiolinha de vidro
Mas não só isso.
Numa noite de sono leve e tranqüilo, volto a acordar subitamente
A fome, como sempre, rosna em meu estômago
Mais uma vez, caminho em direção a ela...
Chego mais rápido
A distância parece ter encurtado
Com algo de força, abro aquela porta
Meus sentidos experimentam novamente aquilo que nunca chegaram a esquecer
Lá estão! Todos eles!
Quero destapá-los, desvendá-los, devorá-los!
Decido controlar meus impulsos
Melhor ter cautela
As coisas mudaram, mas nem tanto
Estranheza e receio continuam presentes
Do mesmo modo, a fossa está ali
Menor, menos ameaçadora...
Mas não deixa de estar ali!
Talvez valha a pena tentar
Talvez não
Meu pé arrisca um passo
Mergulha a ponta de meus dedos no líquido escuro
Criança desobediente, ignora os comandos do cérebro
Meu corpo se alarma
No entanto, nada acontece...
A bota protege
Diante da nova informação, o corpo todo move-se em direção a eles
Só a cabeça fica pra trás tentando controlar a situação
Pobrezinha! Tão confusa!
Agarro (pode-se usar a primeira pessoa quando o cérebro não está envolvido na ação?) um deles
Mas a coragem não é suficiente para abri-lo
Cabeça obtém algum sucesso:
Preocupações repentinas me dominam
Será?
Passo algum tempo olhando aquele potinho
Seus contornos delicados,
Sua forma, tamanho...
Como será tudo dali de dentro?
E eu quero mesmo saber?
E se entrar, consigo depois sair dali?
Sento no chão e me acomodo
Ainda tenho-o entre minhas mãos
Continuo a contemplá-lo
Assim,
Do lado de fora,
Garantindo, acima de tudo, segurança.
De tempo em tempo, começo a girar sua tampa
O suficiente para que uma frestinha se abra e liberte um não-sei-o-quê de lá dentro
Ao que minhas mãos, rapidamente, respondem voltando a rosquear a tampa.
Assim está bom
Ótimo
Pelo menos por enquanto...
Um comentário:
Saciedade essa que nunca vem
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