domingo, 2 de outubro de 2011

Despensa II - O Retorno

porque é sempre bom reler velhos projetos...



Passei um bom tempo costurando galochas

Além disso, cresci uns centímetros

Os grãos de areia deram algumas voltas dentro da gaiolinha de vidro

Mas não só isso.


Numa noite de sono leve e tranqüilo, volto a acordar subitamente

A fome, como sempre, rosna em meu estômago

Mais uma vez, caminho em direção a ela...


Chego mais rápido

A distância parece ter encurtado


Com algo de força, abro aquela porta

Meus sentidos experimentam novamente aquilo que nunca chegaram a esquecer

Lá estão! Todos eles!

Quero destapá-los, desvendá-los, devorá-los!


Decido controlar meus impulsos

Melhor ter cautela

As coisas mudaram, mas nem tanto

Estranheza e receio continuam presentes


Do mesmo modo, a fossa está ali

Menor, menos ameaçadora...

Mas não deixa de estar ali!


Talvez valha a pena tentar

Talvez não


Meu pé arrisca um passo

Mergulha a ponta de meus dedos no líquido escuro

Criança desobediente, ignora os comandos do cérebro

Meu corpo se alarma

No entanto, nada acontece...

A bota protege


Diante da nova informação, o corpo todo move-se em direção a eles

Só a cabeça fica pra trás tentando controlar a situação

Pobrezinha! Tão confusa!

Agarro (pode-se usar a primeira pessoa quando o cérebro não está envolvido na ação?) um deles

Mas a coragem não é suficiente para abri-lo

Cabeça obtém algum sucesso:

Preocupações repentinas me dominam

Será?

Passo algum tempo olhando aquele potinho

Seus contornos delicados,

Sua forma, tamanho...

Como será tudo dali de dentro?

E eu quero mesmo saber?

E se entrar, consigo depois sair dali?


Sento no chão e me acomodo

Ainda tenho-o entre minhas mãos

Continuo a contemplá-lo

Assim,

Do lado de fora,

Garantindo, acima de tudo, segurança.


De tempo em tempo, começo a girar sua tampa

O suficiente para que uma frestinha se abra e liberte um não-sei-o-quê de lá dentro

Ao que minhas mãos, rapidamente, respondem voltando a rosquear a tampa.

Assim está bom

Ótimo

Pelo menos por enquanto...

sábado, 1 de outubro de 2011

cacto em hq